22 de dezembro de 2008

É fundamental começar-se por algum lado!
Aqui e agora, temos a oportunidade de continuar a partilha, o debate de ideias por todos nós iniciado em Penafiel e, desta vez, sem preocupações de tempo, espaço e funcionamentos de impressoras... :) Força a todos e toca a escrever...

5 de dezembro de 2008

Moção: Proposta Política Sectorial Área Temática Prioritária Comportamentos de Risco






I - Introdução

A evolução sistémica de uma sociedade nos nossos tempos modernos, tende a criar desfasamentos sociais que podem potenciar o aparecimento de comportamentos e atitudes ditas de risco.
No caso do nosso país, na senda de uma democracia jovem com apenas 34 anos, houve, num curto período de tempo uma explosão de direitos, liberdades e garantias com os quais os portugueses foram forçados a aprender a lidar. Havia um interesse extremamente grande por tudo o que era oferecido enquanto novidade ao povo português.
As problemáticas das drogas químicas, álcool e prevenção rodoviária passaram a fazer parte dos programas escolares e actualmente os jovens sabem identificar quais as consequências físico/psicológicas e sociais que o seu consumo provoca.
Contudo, e quase paradoxalmente, têm-se assistido ao aumento do consumo destas mesmas substâncias, bem como do seu tráfico, por parte de jovens. Este facto deve-se, em muito, à facilidade que um jovem tem, dentro e fora da escola, ao acesso a estas ao qual se associa um grave problema de insegurança juvenil.
Num contexto em que a prevenção rodoviária está na ordem do dia, com a aposta no desenvolvimento da actividade policial e da educação rodoviária, assistimos a um cada vez maior número de acidentes, mortes e crimes nas estradas portuguesas fruto de conhecidos comportamentos de risco.
Deste modo, coloca-se a questão:” Até que ponto todos estes comportamentos de risco acima referidos se promovem e se impulsionam entre eles? Poderão ser considerados causa-efeito?”
Esta Proposta Politica Sectorial pretende contribuir para a identificação de uma nova abordagem e de novos caminhos para a compreensão e resolução destes graves problemas. Consideramos que no cerne desta questão está a ESCOLHA. E tal discernimento de resposta, só se consegue através de uma complementaridade de inovadoras abordagens.


Toxicodependente como doente bio-psico-social

O consumo de todo e qualquer tipo de substâncias ilícitas e lícitas em abuso é uma doença. Uma doença comportamental.

É hoje amplamente aceite que o fenómeno da droga assume proporções bio-psico-sociais. O consumo abusivo de drogas e álcool afectará todo o organismo do indivíduo, levando a toda uma alteração dos ritmos biológicos que ficarão dependentes das drogas para o funcionamento do mesmo; as drogas afectam também a mente provocando distúrbios mentais e sentimentos de desvalorização, angústia e baixa auto-estima; e afecta ainda o indivíduo nos seus contactos e relações sociais que vão diminuíndo, não só porque ele se refugia no seu submundo das drogas, mas porque devido a tal, ele é afastado pela sociedade que o vê como marginal e o discrimina.

Uma espécie de “gnose” absorveu os jovens portugueses levando certos sectores do tecido social, nomeadamente as camadas mais jovens da população a praticarem (naturalmente) comportamentos diferentes dos da geração anterior.

Estes comportamentos começam a ter uma expressão numérica cada vez maior e com este aumento, surgem efeitos ainda mais nefastos na juventude portuguesa. Juventude essa, que encara o consumo de drogas e álcool com alguma leviandade e inconsciência dos efeitos na sua saúde, e isto é algo que obviamente provoca uma preocupação dos jovens portugueses.

No cerne desta questão está a ESCOLHA, todo e qualquer jovem que seja aliciado a consumir drogas tem duas escolhas básicas; sim ou NÃO! E, é neste sentido que as consciências têm que ser despertadas e informadas, para que o NÃO seja espontâneo.

O aumento da procura de substâncias psicotrópicas é justificado pela alteração da imagem negativa das drogas, bem como os valores da sociedade e os comportamentos da envolvente dos jovens. Estes são influenciados pela percepção de normalidade que as pessoas têm no contexto do seu grupo de referência.

Se estes percepcionarem o consumo experimental de drogas, e o abuso do álcool, como normal e socialmente aceitável, esse facto pode ter uma influência fundamental nos seus valores e comportamentos relativamente ao consumo dessas substâncias.
A facilidade de acesso e a comparação dos consumos de droga com o álcool e tabaco acaba por criar uma visão sui generis de consumo de substâncias psicotrópicas como algo normal, leva também a que o álcool seja percepcionado como um meio de integração e socialização e o seu consumo é cada vez mais precoce.

Assim como, também começa a ser precoce, e maior, o número de mortes em acidentes rodoviários suscitados pelo consumo abusivo de todas estas substâncias.

A alteração do sistema nervoso central diminuí em cerca de 50% as capacidades de resposta.

A Organização Mundial de Saúde avança com um número de mortes que ronda os 400 mil jovens por ano entre os 10 e os 25 anos, assim como um número de feridos quase na mesma proporção.

Não podemos permitir que este flagelo continue a corromper a nossa juventude. Isto porque os acidentes são previsíveis e evitáveis, juntando-se a isso normas rodoviárias antiquadas e inadequadas. Por tal, Portugal apresenta as taxas de acidentes per capita mais elevadas da Europa.

Juntando a possibilidade de escolher, inerente a todos os jovens, às duas abordagens micro e macro sociais deste assunto, sublinho então a necessidade do Estado e das suas instituições criarem linhas de acção e actuação, capazes de dar uma resposta eficaz a este tipo de problemática.

Desta forma é urgente:

1) Garantir, a toda a população juvenil (que o deseje) acesso em tempo útil a respostas terapêuticas integradas, ou seja, apostar ainda mais na divulgação dos malefícios do consumo continuado de drogas e álcool, como forma preventiva, mas também demonstrar efectivamente aos consumidores os efeitos nocivos na sua saúde, bem como a melhor forma de se afastarem do consumo regular deste tipo de substâncias;

2) Incrementar o acesso a novos conhecimentos e metodologias de intervenção, incentivando a divulgação, a investigação e a reinserção, procurando melhorar qualitativamente. Não chega somente aumentar o número de campanhas e de informação, tem que ser ter em conta o impacto das mesmas;

3) Potenciar a harmonização de conhecimentos e metodologias de intervenção, a nível inter-institucional, nomeadamente processos avaliativos de melhoria contínua da qualidade junto de programas escolares, associativos, académicos e institucionais;

4) Construir um sistema de recolha de dados e indicadores que permitam avaliar o processo das campanhas de sensibilização na sua globalidade, nomeadamente no impacto efectivo junto da população visada;

5) Fomentar a consciencialização enquanto processo global, juntando todos os actores numa óptica da abordagem e das respostas integradas, através da participação efectiva e da promoção de actividades. Esta consciencialização deve ser considerada parte integrante e complementar dos vectores da Prevenção, Dissuasão e Redução de Riscos e Minimização de Danos. Realça-se, assim, a relevância do seu carácter abrangente e transversal em toda a intervenção na problemática da toxicodependência juvenil.

Considerações finais:

Desta forma acabamos por atingir o principal objectivo desta moção que é abordar alguns dos comportamentos de risco que mais afectam a população portuguesa, a toxicodependência, o alcoolismo e a prevenção rodoviária.

Sendo a economia o pilar base do desenvolvimento de um país, Portugal ressentiu-se fortemente quando foi proposta a lei da diminuição da taxa de alcoolémia. Severos impactos reflectiram-se no sector agrícola, as fortes quedas na taxa de imposto abriram o precedente gerando grandes manifestações contra uma lei de prevenção social.

O comportamento de risco infligido pela condução sobre embriaguez foi quebrado mesmo pondo em causa inúmeras vidas em prol da re-estabilização dos lucros referentes à taxa de imposto sobre o álcool, (denominado imposto sobre o pecado);

Relativamente à reabilitação dos toxicodependentes, o que se verifica é uma fuga rápida e fácil de “recuperação” dos consumidores substituindo no fundo por outro tipo de droga, mas esta legal, mantendo-os de igual forma quimicamente dependentes, dando desta forma espaço de manobra ao mercado das drogas.

Denota-se que na presença de uma economia frágil, acresce a entrada fronteiriça de substâncias ilícitas, bem como álcool e tabaco sem os respectivos impostos, estamos então perante um comportamento de risco do próprio Estado em si mesmo.

Abre-se, desta forma, o precedente de que a Economia será a parte lesada pelos comportamentos de risco ou serão estes que obrigam a que a economia se arrisque?

Olá a todos!

Serve o presente blog para publicar a Moção que foi fruto do Grupo de Trabalho que se dedicou ao tema "Comportamentos de Risco", denominada: "Perigo de Derrocada", no XX Congresso da JSD em Penafiel;

Para além deste blog servir para dar a conhecer à World Wide Web, este bom trabalho efectuado, serve ainda para receber opiniões, e desta forma criar um espaço de debate! As vossas opiniões são essenciais para que possamos arranjar mais e melhores soluções para alertar acerca dos comportamentos de risco!

Claro está que também nos une a todos, os que fizeram parte deste exímio Grupo de Trabalho!